Viajando aprendemos bastante sobre o lugar de onde viemos e fazemos muitos amigos (inclusive outros viajantes), o que nos estimula a seguir viagem rumo a suas cidades para conhecê-las. O problema é que não podemos nos demorar, mas quando voltamos às nossas casas, temos mais motivos para rever estes amigos, assim, passamos a trabalhar em novos roteiros de viagens e nos lançamos com mais energia em todos os nossos demais projetos. - Alberto Jr.

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Moto Camping Caldas do Jorro/BA

Estava há alguns dias atolado com uma série de relatórios da empresa e o nível de stress já estava lá nas alturas. Foi quando percebi que a única solução para aquele mal seria "pegar a estrada" e deixar a sensação de liberdade fazer a sua parte.


A barraca Discovey Mountain da Manaslu havia chegado faziam alguns dias e estava louco para testar aquela que seria minha companheira nas próximas aventuras. Havia um feriado na quinta-feira 03, então  negociei com a chefia uma folga para a sexta-feira, de forma que só voltaria ao trabalho na segunda-feira. Pensei em ir pro Vale do Capão, onde além de estar em contato com a natureza, assistiria o Festival de Jazz, mas desisti após fazer algumas ligações e também receber uma mensagem de uma amiga couchsurfer canadense que há alguns dias havia ido conhecer a Chapada Diamantina e coincidentemente tinha acabado de chegar ao lugar. Ela adiantou que o lugar estava impraticável. Então lembrei de um lugar no sertão responsável por incríveis  lembranças de infância, Caldas do Jorro, uma estância termal, com água "a fole", como sempre diz meu velho. Havia ido várias vezes ao lugar sempre em férias escolares, mas faziam quase 15 anos que não colocava os pés lá. Na véspera da partida apesar de ter chegado tarde em casa, separei os equipamentos que seriam necessários durante a expedição.


Quinta 03/06/2010 - Acordei cedo e estava cuidando dos últimos preparativos quando Sarah chegou em Salvador e comentou que também gostaria de conhecer o lugar. Fazia alguns dias que estava  em contato com aquela garota de Toronto, que dentre outras coisas, destacava-se por ser simples, apaixonada por acampamentos, fotografia e literatura, enfim, uma figura muito bacana que estava fazendo uma viagem fantástica pela América do Sul já há um ano, e que resolveu que ao final de sua viagem, iria fixar residência em Buenos Aires.

Montei a barraca na sala de casa para entender como era seu funcionamento, depois arrumei todos equipamentos na mochila Outland Curtlo 30 litros e outro couchsurfer canadanse que também estava viajando pelo mundo a quase dois anos aproveitou para anunciar que gostaria de fazer um acampamento e conhecer Caldas do Jorro. Alex nasceu na Rússia e aos 9 anos mudou-se para o Canadá onde estava vivendo e trabalhando com ciência da computação até resolver fazer aquela grande viagem. Durante aquela jornada, ele conheceu  sua alma gêmea, uma garota turca com quem viajou durante um tempo e com quem iria se reencontrar após deixar o Brasil e com quem viria a se casar e morar na Colômbia.


Ficou combinado que Alex seguiria comigo e que Sarah seguiria de ônibus no dia seguinte. Alex pegou as coisas de que necessitaria (o que quase lotou uma mochila de 50litros) e me deixou preocupado com o acondicionamento e estabilidade da laranja mecânica. Conseguimos arrumar tudo e seguimos uma viagem tranquila de 3h:30min até nosso destino final, com boas condições de tempo e com uma parada para calibragem de pneus e outra para abastecimento.

Fomos direto ao Parque das Águas em Caldas do Jorro e encontramos a administração fechada. Alguns vendedores locais nos informaram que a área de Camping estava indisponível devido à reforma e nos orientaram a procurar o administrador na sua pizzaria, na praça principal. Lá chegando, cheios de equipamentos e com aquelas mochilas tão grandes penduradas na moto não houve como não chamar atenção na praça da cidade, ainda mais depois que Alex tirou o capacete, e ficou com suas longas madeixas e barba louras  ao vento (sempre lembrando Jesus Cristo). Àquela altura do campeonato, éramos o centro das atenções.


Conseguimos falar com o administrador e ele nos levou para ver o lugar reservado para camping e além de nos autorizar acampar no pomar anexo à área das piscinas, com direito a gramado, tamarineiros, cajueiros e mangueiras, ainda nos deixou a chave do portão e  nos apresentou aos Guardas Municipais que eram responsáveis pela segurança do local.


Montamos acampamento, trocamos de roupas e seguimos para a pizzaria, onde fizemos um pedido e fomos para a bica da praça central. Dentro de alguns minutos a garçonete foi nos chamar e fomos jantar. Alex não havia caído na água quente, pois estava sem o traje de banho, então o levei até o camping onde ele trocou de roupas e voltamos à praça onde ficamos até a meia-noite. Quando voltamos ao camping para dormir, ele me agradeceu e disse que estava muito relaxado por conta do banho quente.


Sexta 04/06/2010 - Levantamos cedo e seguimos para o mercado onde  compramos suprimentos, voltamos ao camping e nos esbaldamos com um fantástico café-da-manhã com frutas, ovos cozidos, leite com chocolate, sanduíche e biscoitos. Na sequência fomos para a praça, onde tomamos banho, tiramos fotos e depois sentei no banco do jardim para ler, ao  passo que Alex preferiu dormir ali mesmo. Por volta de 13h Sarah chegou e após contar como foi sua jornada de 5h de viagem, tirou um monte de fotos e também sentou para ler. Mais tarde tomamos outro banho e fomos dar uma volta nos entornos da cidade. e depois seguimos para o camping, onde preparamos uma macarronada integral (com soja e trigo partido) e uma salada vinagrete com batatas para a seia. Depois de arrumarmos as coisas, voltamos para a praça onde curtimos até altas horas.


Sábado 05/06/2010 - Alex levantou acampamento, comprou passagens e se despediu logo após o café da manhã. Recebemos uma visita de um dos filhos de dona Lourdes (matriarca da família com quem meus pais ficavam quando visitavam o lugar) que foi informado pelo administrador do parque que havia perguntado por sua família. Fomos até sua casa e o reencontro com sua família foi muito interessante. Dona Lourdes fez um café forte sem açúcar para Sarah e  disse que estariam nos aguardando para o almoço. Sarah e eu seguimos de moto até o rio, observamos a paisagem, tiramos algumas fotos e voltamos ao camping  onde aproveitamos um pouco as pscinas e na sequência fomos almoçar. Conversamos um pouco com Charlene e depois fomos com Dona Lourdes dar uma volta. Mais tarde voltamos à praça, onde assistimos a apresentação de capoeira e show de forró e depois seguimos "abatidos" de volta ao acampamento.


Domingo - 06/06/2010 - Acordamos cedo e fomos circular na feira-livre, onde compramos alguns produtos e tomamos um café-da-manhã com frutas, sanduíche de pão caseiro e queijo qualho sentados na calçada, apreciando a movimentação da feira livre. Aquilo me fez lembrar um incrível café-da-manhã no mercado de Uyuni, na Bolívia. Pena que Josemar, meu companheiro de viagem  não tenha gostado muito, pois tivemos o trabalho de comprar os alimentos em mãos de três vendedoras diferentes e ainda tivemos de tomar uma faca emprestada na mão de uma quarta vendedora, sem contar que tivemos de comer ali mesmo, em pé. Aliás, acho que agora entendo porque gostei tanto destas duas experiências... É que na infância,  minha irmã e eu tínhamos o costume de tomar café-da-manhã aos domingos na feira livre, na tenda da Dona Irene (amiga da família), em Nazaré de Jacuípe.


Na sequência, fomos à feira de artesanato onde comprei um chapéu de couro (que é reconhecido como parte do traje típico do vaqueiro sertanejo). Voltamos ao camping, estendemos os sacos de dormir no gramado para fazer uma leitura e descansar um pouco,. Mais tarde levantamos acampamento, tomamos banho, arrumamos as mochilas na moto, fomos nos despedir de Dona Lourdes e família e seguimos viagem. Era a primeira viagem longa de Sarah, que pediu para fazer algumas paradas no caminho por conta do cansaço e do sono. Ao final, completamos os 262km em 4h e 20min e chegamos em casa na mesma hora que Felipe voltava de bicicleta de um passeio.


A idéia agora é fazer uma viagem solitária de moto pelo litoral do nordeste brasileiro. Aguardem!!


Alberto Jr.

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