Viajando aprendemos bastante sobre o lugar de onde viemos e fazemos muitos amigos (inclusive outros viajantes), o que nos estimula a seguir viagem rumo a suas cidades para conhecê-las. O problema é que não podemos nos demorar, mas quando voltamos às nossas casas, temos mais motivos para rever estes amigos, assim, passamos a trabalhar em novos roteiros de viagens e nos lançamos com mais energia em todos os nossos demais projetos. - Alberto Jr.

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De Carona pelo Nordeste!!

Sim, isto é viável, e o aventureiro aqui está trabalhando em um projeto que visa conhecer o nordeste brasileiro realizando parte, ou quem sabe todo o trajeto de sua aventura de carona. Ele ainda não sabe exatamente quando cairá na estrada, mas está garantido que será ainda neste ano de 2010!!!

Bem é verdade que o Brasil é um país com altos índices de violência de todo tipo, de forma que nossas estradas nunca poderiam ser lugares seguros... De certa forma, isto por si só já explica a ausência da cultura da carona aqui no país. Durante o último mochilão pela América do Sul, conheci uma mochileira chilena de 22 anos que disse que além de viajar de ônibus também "viajava à dedo", que é a expressão para se referir à carona em castelhano. Desde então venho refletindo sobre o assunto e inclusive lembrei dos tempos de secundarista em Nazaré de Jacuípe, no interior de São Sebastião do Passé/BA, quando precisava ir à sede do meu município e às vezes meu grupo de colegas conseguiam uma carona.

Outra vez, no final do ano de 2007 quando minha ex-patroa, meu primo e eu fizemos um mochilão pela Chapada Diamantina também tivemos uma experiência incrível quando descobrimos que não haviam transportes regulares entre Mucugê e Ibicoara. Na época havia lido no "mochileiros.com" algumas referências de mochileiros paulistas dizendo que Ibicoara era um dos lugares com menor número de turistas na Chapada Diamantina, e consequentemente, lá as trilhas tinham um alto grau de conservação ambiental, sem contar que a receptividade por parte dos nativos era menos concorrida e os preços eram mais baixos, uma vez que o mercado turístico não estava sendo explorado de forma tão intensa. Foi assim que nosso roteiro apontou para trilhas como a Cachoeira da Fumacinha, Cachoeira do Buracão e a Cachoeira do Véu da Noiva, todas em Ibicoara. Quando checamos a disponibilidade de linhas de ônibus entre Salvador e Ibicoara, descobrimos que o único dia em que o trajeto era realizado era na sexta-feira, assim decidimos iniciar a aventura explorando Mucugê e alguns dias depois conseguimos um micro-ônibus até a entrada de um povoado chamado Cascavel. A partir daí ficamos por conta da sorte, esperando uma carona e para a nossa surpresa 15 minutos depois estávamos na carroceria da caminhonete de um fazendeiro que iria para a sede do município de Ibicoara e que nos deixou na praça principal, próximo da Associação dos Condutores de Visitantes de Ibicoara (ACVI). Antes disso, conseguimos parar uns dois outros veículos, mas que não fariam trajeto similar ao nosso. Logo descobrimos que não existiam campings na cidade e como as atrações ficavam alguns quilômetros de distância, nos foi dito que teríamos de alugar carro e guia o que tornaria a expedição muito cara (detalhe, na cidade não tinha locadora de veículos). Posteriormente um dos guias nos deu uma alternativa de seguir para o povoado de Baixão, estrategicamente localizado nas imediações das atrações que gostaríamos de visitar. Ele falou que não havia transporte para lá, mas que poderíamos descolar uma carona e poderíamos acampar nas proximidades da casa de sua mãe, bem como pagar os serviços de guia para seu irmão (Márcio) que também era guia local. O cara não só nos deu esta alternativa como também conseguiu carona de um fazendeiro conhecido, que nos levou em sua caminhonete Toyota.

Colocamos as mochilas na carroceria da caminhonete e combinamos que eu seguiria ali em cima, enquanto a ex-patroa e meu primo seguiriam na gabine. Assim foi feito, e depois daquele trajeto tortuoso em estrada cascalhada onde também tomei um enorme temporal gelado juntamente com as mochilas.


Chegamos exaustos ao entardecer na casa de dona Maria, que insistia em desocupar e nos disponibilizar um dos quartos de sua humilde casa. Explicamos para aquela amável senhora que tínhamos de montar as duas barracas, para então tirarmos as coisas de dentro das mochilas, inclusive os nossos suprimentos com os quais teríamos de fazer nossa comida, e caso contrário, teríamos de carregar todo o peso de volta para casa. Aí está uma foto  que tiramos com a família de dona Maria e o paulista que morava lá.
 
Montamos as barracas em frente à casa de dona Maria e conhecemos toda sua família que durante toda nossa estada foi também muito amável conosco. Márcio foi nosso guia durante todos os dias e suas irmãs ocasionalmente também nos acompanhavam. Sempre voltávamos cansados das trilhas, e dona Maria nos recebia com um café quente maravilhoso,  cultivado em seu pomar e torrado ali mesmo, no quintal de sua casa. Além disso, de seu pomar vinham os produtos que foram utilizados para preparar outros pratos típicos que como cortado de palma (cacto muito comum no nordeste do Brasil), guizado de banana (feito com a fruta ainda verde), aimpim cozido e cuscuz com ovos de galinha caipira. Aquele sim, foi um dos reveillons mais incríveis de nossas vidas.

Felipe participava de seu primeiro acampamento e estava radiante de alegria. Até esqueceu que nunca comia uma série de coisas como ervilhas, arroz integral, lentilhas e aimpim e sempre comia tudo ao voltar ao acampamento, lambendo os beiços e dizendo que estava delicioso. Ele chegou até a integrar a "tropa" que chupou os abacaxis que Márcio nos levou de lanche durante uma das trilhas. Ah, para nossa surpresa maior, ele comeu o cortado de palma e o guizado de banana, é mole??? É pouco!! Ele ainda arrasou corações por lá... Isso mesmo,  iniciou romance com uma gatinha muito manhosa, que até quis embarcar na aventura e vir com ele para Salvador. Expliquei para eles que eles eram menores de idade e precisavam de autorização dos pais para seguir aquele romance, e também para seguirem aquela aventura juntos...

Fizemos trilhas incríveis como o cânion da Cachoeira da Fumacinha, segundo muitas referências, a mais bonita cachoeira do Brasil.






















Pegamos carona (e rateamos o combustível) com um casal de paulistas que moravam na região e que iriam visitar a Cachoeira do Buracão naquela semana. Eles possuíam uma caminhonete que nos conduziu até a entrada da trilha.




































Comprovamos que as trilhas que fizemos eram conservadíssimas, mais conservadas que  outras trilhas "populares", como aquelas existentes nas proximidades de Lençóis (onde já estive por várias vezes), pois são mais exploradas turísticamente. Este casal também nos deu carona para voltarmos até a cidade, de onde rumamos na carroceria de outro caminhão de volta à Mucugê, de onde seguimos de ônibus para o povoado de Tanquinho, na BR-242 e como lá chegamos já à noite, nos integramos com uma paulista que havíamos visto na Cachoeira do Buracão, dias antes e pernoitamos numa pousada, de onde seguimos na manhã do dia seguinte, de transporte alternativo para Lençóis.

Assim, descobri que era possível sim, viajar de carona e  além de sair da rotina numa aventura fantástica, conhecer muita gente boa por aí. Por isto, tenho me informado bastante sobre as "técnicas caroneiras" dos mochileiros que fazem ou já fizeram isto no Brasil e também no exterior. No site mochileiros.com existe o fórum "como viajar de carona pelas estradas do brasil" com muitas dicas de quem já viveu esta experiência. Outra fonte interessante é papodehomem.com.br. Existe ainda um site específico para aqueles que querem descolar uma carona, é o caroneiros.com, onde se pode "combinar caronas", realizar uma viagem livre na sua essência, rachar despesas com combustível, fazer amizades, ou ainda preservar o meio ambiente, uma vez que  permite que menos recursos naturais sejam utilizados, e também um transporte compartilhado evita que mais gases responsáveis pelo efeito estufa sejam liberados na atmosfera. Detalhe, todos dizem que o problema de tentar fazer uma viagem de carona é que é uma arte viciante!!

Já conheci alguns mochileiros extrangeiros que tiveram esta experiência, a qual disseram ter sido fantástica, a mais recente foi de um amigo russo que vive no Canadá e que está realizando uma incrível viagem pelo mundo há quase dois anos. Ele me contou como foi sua aventura desde a amazônia brasileira até Salvador da Bahia, de carona com um caminhoneiro, que foi muito bacana com ele e que além de lhe ter preparado comida, o confiou a chave do caminhão quando o mesmo apresentou algum tipo de problema e , por ironia do destino, precisou pegar carona (de outro caminhoneiro) até uma cidade para buscar ajuda mecânica.

Alberto Jr.

1 comentários:

Ronan disse...

Eu rodei alguns estados do Nordeste de carona... pode dar uma olhada no meu blog. Estou reformulando ele, porque vou realizar uma viagem maior de carona agora... aí o blog tá bem esquisito. mas de uma olhada nos posts. abraços.
cafecomviagem.blogspot.com

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